Era para ser João é um site/instalação com vídeos, fotos e áudios de minha autoria. Aqui há um atravessamento das linguagens que me são caras, como a narração de histórias, o bordado, a dança, as artes cênicas e o audiovisual. Esta proposta nasce durante a residência artística na 9a edição do IMP – Investigação do Movimento Particular coordenado por Juliana Adur e Cindy Napoli ao longo de mais de um ano, entre 2020 e 2021. Pouco a pouco, ao longo do processo da residência, com as provocações sobre meus movimentos, nas oficinas e trocas com artistas residentes, foram emergindo algumas questões entorno do meu avô paterno, sobre a sua história de vida tão silenciada e fragmentada na memória coletiva familiar.
Ainda existem muitas lacunas e dúvidas sobre ele. E muitas eu continuarei sem saber. Mas esse trabalho não é só sobre ele… é o que ele representa para além de sua biografia. Também é sobre uma constelação de relações em escalas diferentes, no privado e no público. Assim, com essas questões é que me movimento, na tentativa de resgatar os registros, para um inventário de uma genealogia transbordada para além da própria biografia. Fazendo do meu corpo como morada nesta existência e realização de uma ancestralidade. A enxurrada quando passa deixa resquícios, vestígios, silêncios e reminiscências de muitas histórias não contadas que emergem para serem compartilhadas.
Para os Joãos (sobrinho, pai, avô, bisavô e tataravô)
Cadu Cinelli nasceu em dezembro de 1979. É ator, contador de histórias, diretor de teatro, artista educador e têxtil. Integra o grupo Os Tapetes Contadores de Histórias desde 1998. Atualmente reside na cidade de Curitiba onde desenvolve o projeto Percursos Afetivos sobre narração de histórias itinerantes com bicicletas. É doutorando em Geografia na UFPR. Ao longo dos anos vem se dedicando às artes da narração de histórias e do tecido.
Ficha técnica:
Criação, performance e montagens: Cadu Cinelli
Orientação: Juliana Adur e Gabriel Machado
Captação de imagens para vídeos: Cadu Cinelli e Lívea Castro
Agradecimentos: Ádia Anselmi, Bia Figueiredo, Camila Cequinel, Cindy Napoli, Cintia Napoli, Dag Bach, Eraldo Alves, Gabriel Machado, Gladis dos Santos, Greice Barros, Janaína Matter, Juliana Adur, Leonardo Tasques, Lívea Castro, Maíra Lour, Naiara Parolin Bastos, Viviane Mortean, Tuca Pinheiro. Em especial, meu agradecimento ao querido Fabricio Moser, por um dia termos caminhado e dançado com biografias em cena – esse trabalho se alinhava com os movimentos suscitados com o nosso DUO sobre desvios.
para trocas e conversas:
ou no e-mail: cecinelli@hotmail.com